sexta-feira, 5 de outubro de 2012

As Intermitências da Morte

          Naquele dia, ninguém morreu. É assim que se inicia a obra. Seguidamente, tomamos conhecimento das preocupações de setores como a Igreja (a qual, sem a noção de morte, e consequentemente de paraíso e ressurreição, deixa de ter sentido, bem como a figura de Deus), o governo, os hospitais, os lares, tudo visto por Saramago com grande ironia.
          É então que um velho moribundo tem uma ideia para morrer, juntamente com o seu neto bebé, também sem salvação: serem transportados para o país vizinho.
          A notícia deste ato espalha-se e a família é condenada pelos media e pela população, até se ficar a saber que práticas semelhantes começam a ocorrer por todo o país, nuns casos por misericórdia, noutros para as famílias se verem livres dos pesos mortos que os seus velhos e moribundos constituem lá em casa.
          O governo decide, discretamente, vigiar determinadas zonas fronteiriças para controlar esta prática. Surge, então, em cena um grupo que organiza o transporte dos moribundos, auto-denominado máphia, que chantageia o governo, com base na violência (quatro vigilante em coma por dia), conseguindo que a maior parte dos vigilantes seja desativada e que 35% passem a trabalhar para si, máphia.
          Certo dia, o Diretor da Televisão Nacional lê, em direto, uma carta da Morte, onde esta esclarece que, a partir das zero horas desse dia, tudo voltará ao normal, com uma pequena diferença: as pessoas serão avisadas da sua morte uma semana antes, para que possam resolver os últimos assuntos (testamentos, por exemplo, etc.). Quem imediatamente vê nisto uma extraordinária oportunidade de negócio são as agências funerárias, os carpinteiros que fabricam caixões, os coveiros (por exemplo, exigem um aumento substancial de ordenado). O primeiro a morrer, em cima da meia-noite, é o presidente da associação das agências funerárias (oh, ironia!).
          A intenção da Morte com a sua «greve» é mostrar aos seres humanos o que seria viver para sempre,  mas, ao constatar os resultados dramáticos de tal experiência, decide fazer regressar tudo à primeira forma. E, assim, as pessoas voltam a morrer.
          Passado algum tempo, uma das fatídicas cartas anunciadoras da morte é devolvida várias vezes, o que faz com que a vítima - um violoncelista - permaneça vivo para além da data estipulada para a sua morte. Esta decide, então, alterar o verbete do violoncelista, mudando-lhe o ano de nascimento para o seguinte, o que faz com que o homem se torne «um ano mais novo».
          A Morte decide disfarçar-se de mulher, instalar-se num hotel e ir vê-lo atuar ao vivo. Os dois conhecem-se, encontram-se um par de vezes e, certo dia, ela encontra-se com ele na casa deste, transportando consigo no bolso a carta fatídica. No entanto, os dois acabam por dormir juntos e ter relações sexuais. A Morte queima a carta.
          No dia seguinte, ninguém morreu.

18 comentários:

  1. Este livro é ótimo! Eu adoro Saramago, a forma como ele escreve e as críticas que apresenta nos livros. Simplesmente fantástico!

    Ótima dica de livro!

    www.universodosleitores.blogspot.com.br

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  2. Esse livro é ótimo, adorei ele !

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  3. To lendo esse livro...vou fazer uma prova sobre ele!!

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  4. O livro até que tem uma boa ideia, porém o vocabulário deixa ele confuso.

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  5. O vocabulário o deixa confuso devido ao autor ser de Portugal, Saramago possui um traço que é só dele, a sua escrita, direta e sem travessões, marcando o autor a obra.

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  6. Livro bom. Intrigante, perturbador, engraçado, envolvente. Eu quase morri com a historia da morte, com m minúsculo (rsrs), e o violoncelista. rsrsrs Recomendo esse livro.

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  10. A mãe do Tekker é um pão - Kan

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